15 fevereiro, 2021

Um vírus desconhecido pela ciência até há pouco vem causando uma doença pulmonar grave em centenas de pessoas na China, e já foi detectado em Estados Unidos, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul e Macau.

 






22/01/2020 08h34Atualizada em 29/01/2020 11h40

Ao menos 17 pessoas morreram em decorrência do vírus, que surgiu em dezembro passado na cidade chinesa de Wuhan. Ele infectou mais de 400 pessoas, segundo registros oficiais.

E o número deve subir, segundo especialistas, para quem o surgimento de vírus que levam pacientes a terem pneumonia é sempre motivo de preocupação.

Amostras do 2019-nCoV, como é chamado, foram coletadas de pacientes e analisadas em laboratório, e autoridades da China e da OMS concluíram que a infecção é um coronavírus.

Os coronavírus são uma ampla família de vírus, mas sabe-se que apenas seis deles (com o novo descoberto são sete) infectam humanos.

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (conhecida pela sigla em inglês Sars), que é causada por um coronavírus, matou 774 das 8.098 infectadas em uma epidemia que começou na China em 2002.

"Há uma memória forte da Sars, e é daí que vem muito medo, mas nós estamos muito mais preparados para lidar com esses tipos de doenças", afirmou Josie Golding, da Wellcome Trust, organização não governamental sediada no Reino Unido.

Quais os sintomas?

O vírus causa febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar.

Em casos mais graves, pode evoluir para pneumonia e síndrome respiratória aguda grave ou causar insuficiência renal.

A situação é grave?

Coronavírus podem causar desde um resfriado comum até a morte do paciente infectado.

O novo vírus aparentemente está em algum lugar no meio do caminho entre esses dois extremos.

"Quando encontramos um novo coronavírus, buscamos saber quão severos eram os sintomas, e eles são mais parecidos aos de um resfriado, o que gera preocupação, mas não são tão graves quanto os da Sars", afirmou o professor Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo.

Há agora sete tipos de coronavírus conhecidos que infectam humanos - Getty Images - Getty Images
Há agora sete tipos de coronavírus conhecidos que infectam humanos
Imagem: Getty Images

De onde ele surgiu?

Novos vírus são descobertos a todo momento. Grande parte pula de outras espécies, onde passam despercebidos, para os humanos.

"Se tivermos em mente as epidemias passadas, e se este é um novo coronavírus, ele terá vindo de um outro animal", afirmou Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

A Sars passou para os humanos a partir de um animal selvagem conhecido como civeta (ou gato-de-algália, parente do guaxinim) —que era considerado uma iguaria na região de Guangdong, na China.

Já a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), que matou 858 dos 2.494 pacientes identificados com a infecção desde 2012, geralmente pula de dromedários.

E de que animal ele vem?

Uma vez que é identificado o animal reservatório, como é chamado o ser vivo onde um agente infeccioso vive e se multiplica, é muito mais fácil lidar com isso.

Os casos têm sido associados ao mercado público de frutos do mar em Wuhan.

Ainda que alguns mamíferos aquáticos possam portar o coronavírus, como a baleia-beluga, também são comercializados no mercado outras classes de animais selvagens vivos, o que inclui galinhas, morcegos, coelhos e cobras — e são apontados como fontes mais prováveis.

E por que a China?

Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, afirmou que a China tem mais casos desse tipo por causa do tamanho de seu território, de sua densidade populacional e do contato próximo que algumas pessoas têm com animais infectados.

"Ninguém fica surpreso que o próximo surto seja na China ou naquela parte do mundo", disse.

Essa doença se alastra facilmente?

Autoridades chinesas afirmam que há casos de transmissão do vírus de uma pessoa para outra, envolvendo inclusive profissionais de saúde que foram infectados durante o tratamento de pacientes com a mesma doença.

Autoridades de Wuhan afirmaram na segunda-feira (20) que 136 novos casos de 2019-nCoV e uma terceira vítima fatal foram confirmados no fim de semana. Até então, eram 62 casos oficiais. Desde então, os números só aumentaram.

Há uma grande preocupação em torno de novos vírus que infectam pulmões, já que tosses e espirros são meios altamente eficazes de alastramento de uma doença.

Ainda é muito cedo, no entanto, para estimar quantas pessoas podem ficar doentes.

De acordo com Li Bin, vice-chefe da Comissão Nacional de Saúde, estima-se que quase 2,2 mil pessoas tenham tido contato com pacientes infectados.

E não foi identificado nenhum "super espalhador", ou seja, um paciente que tenha transmitido o vírus para mais de dez pessoas.

Surto surgiu na cidade chinesa de Wuhan - GETTY IMAGES - GETTY IMAGES
Surto surgiu na cidade chinesa de Wuhan
Imagem: GETTY IMAGES

E a doença está se espalhando rapidamente?

Estimava-se que o surto fosse limitado, mas novos casos têm sido registrados desde dezembro.

Ainda que as notificações estejam concentradas em Wuhan, há casos registrados na Tailândia, no Japão, na Coreia do Sul e nos Estados Unidos. Todos envolvem pessoas que são de Wuhan ou visitaram a cidade chinesa.

Especialistas afirmam que deve haver mais casos que ainda não foram identificados — estima-se que a cifra esteja em torno de 1,7 mil pessoas infectadas.

Um relatório do Centro do Imperial College de Londres para Análise de Doenças Infecciosas Globais diz: "É provável que o surto em Wuhan de um novo coronavírus tenha causado substancialmente mais casos de infecções respiratórias moderadas e graves do que foi divulgado".

Há uma grande preocupação em torno do Ano Novo chinês, no fim de janeiro, período em que centenas de milhões de pessoas viajam.

Cingapura e Hong Kong tem escaneado passageiros que chegam de avião de Wuhan, medida que autoridades dos Estados Unidos passaram a adotar desde a última sexta-feira em três grandes aeroportos em San Francisco, Los Angeles e Nova York.

No Brasil, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informa que não há nenhum caso suspeito, mas a pasta diz que enviou comunicado às representações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados a tomar medidas de precauções em viagens ao exterior e para a "revisão dos principais aeroportos de conexão provenientes da China para identificação e mensuração dos riscos".

Como as autoridades chinesas têm respondido ao surto?

Escaneamento de temperaturas em aeroportos pode ajudar a detectar pessoas infectadas - GETTY IMAGES - GETTY IMAGES
Escaneamento de temperaturas em aeroportos pode ajudar a detectar pessoas infectadas
Imagem: GETTY IMAGES

Pessoas infectadas têm sido submetidas a tratamentos com isolamento a fim de minimizar o risco de alastramento da doença.

Em Wuhan, que é um hub de transportes do país, há quase uma semana as autoridades iniciaram o uso de scanners de temperatura em aeroportos e estações de trem e ônibus. Pessoas com sinais de febre têm sido registradas, recebido máscaras e encaminhadas a hospitais e clínicas.

O mercado de frutos do mar local foi fechado para limpeza e desinfecção, e há operações de esterilização e ventilação de transportes públicos.

Autoridades chinesas também tem recomendado à população que pare de viajar em direção a Wuhan (ou saindo dela) e evite aglomerações na cidade, onde vivem 11 milhões de pessoas — a título de comparação, o município mais populoso do Brasil, São Paulo, tem 12,3 milhões de habitantes.

A orientação em locais de risco é evitar o contato "desprotegido" com animais ou com pessoas com sintomas semelhantes aos de gripe e resfriado. Além disso, recomenda-se que carnes e ovos só sejam ingeridos depois de devidamente cozidos.

Quão preocupados estão os especialistas?

Por enquanto, a Organização Mundial da Saúde não recomenda restrições em viagens ou no comércio internacional em decorrência do vírus, mas ao mesmo tempo tem oferecido orientação a países para se prepararem.

Uma eventual declaração de situação de emergência de saúde pública global pela OMS pode tanto facilitar a coordenação internacional e a arrecadação de verbas para o combate à disseminação de uma doença, por exemplo, quanto dar início a uma série de recomendações que devem ser seguidas pelos países afetados e seus vizinhos.

Golding, da Wellcome Trust, afirmou que, por ora, "até termos mais informações, como a fonte, é muito difícil saber quão preocupados nós devemos ficar".

Para Ball, da Universidade de Nottingham, "nós devemos nos preocupar com qualquer vírus que chegue aos humanos pela primeira vez, porque ele superou uma primeira grande barreira".

"Uma vez dentro de uma célula humana e se replicando, pode começar a gerar mutações que podem permitir que ele se espalhe mais facilmente e se torne mais perigoso." E completa: "Nós não queremos dar ao vírus essa oportunidade".


REPORTAGEM DO LINK  https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/01/22/coronavirus-na-china-perguntas-e-respostas-sobre-a-doenca-que-matou-6.htm

11 fevereiro, 2021

Apagão no Amapá: veja a cronologia da crise de energia elétrica



Incêndio em 3 de novembro destruiu o transformador que levava luz à maior parte da população do estado. Após 2 blecautes totais e 22 dias de fornecimento em rodízio, energia foi restabelecida no estado.

Por G1

18/11/2020 17h00

A maior parte das cidades do Amapá enfrentou problemas no fornecimento de energia, que afetou o abastecimento de água, a compra e armazenamento de alimentos, serviços de telefonia e internet, entre outros. Quase 90% da população (cerca de 765 mil pessoas) foi afetada. Após 2 blecautes totais e 22 dias de fornecimento em rodízio, energia foi restabelecida no estado.


Reportagem retirada: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/18/apagao-no-amapa-veja-a-cronologia-da-crise-de-energia-eletrica.ghtml

Pantanal já tem o pior mês de outubro em focos de incêndio da história

 


Região registrou mais de 2.800 focos de incêndio só este mês e os animais seguem sofrendo com o fogo, que está concentrado no Parque Nacional e na Serra do Amolar, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde a chuva continua abaixo da média.

Por Jornal Nacional

29/10/2020 22h14

 

O Pantanal já tem o pior mês de outubro da história em focos de incêndios.

Voluntários ajudam no resgate de uma anta encontrada com as patas queimadas. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal está reforçando o socorro aos bichos. Vários foram encontrados nos últimos dias, um sinal de que o fogo continua no Pantanal.

“Nós estamos ainda atendendo animais que, eles ao atravessar de um ponto ao outro justamente para procurar alimento e água, eles estão sendo encontrados com as patas queimadas. Não é aquela vítima no início, que era o corpo. Agora, são só as falanges, só os dedos queimados”, explica o veterinário Fernando Siqueira.

Números do Inpe indicam que este já é o mês de outubro com mais focos de queimada no Pantanal desde o início do monitoramento há 22 anos. São mais de 2.800 em 28 dias. Os focos estão concentrados no Parque Nacional e na Serra do Amolar, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde a chuva continua abaixo da média.

“Essa seca está mostrando que tem vindo em anos seguidos, então tem que chover muito mesmo para que várias lagoas, corixos, o próprio Rio Paraguai atinja o nível em que a planície volte a ficar alagada, porque essa umidade, essa água que vai contribuir também com a regeneração dessas áreas que foram atingidas pelo fogo. Então, por isso é importante também que se faça trabalho preventivo, se planeje melhor as ações para que, o ano que vem, não ocorram incêndios nessas proporções que vimos neste ano”, avalia o engenheiro florestal Vinícius Silgueiro .

Um impacto ainda sentido pela dona Aparecida Claudino, produtora rural, que está alimentando animais em Cáceres.

“Queimou tudo, não tem o que eles comerem. Então eu estou fazendo o possível e o impossível para manter os bichos vivos. Muito macaco, muitos bichos, mas com a graça de Deus eu estou já conseguindo com os amigos para me ajudar a tratar dos bichos. Morrer de fome, não pode acontecer isso. E eu não consigo falar”, conta.

Reportagem retirada: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/10/29/pantanal-ja-tem-o-pior-mes-de-outubro-em-focos-de-incendio-da-historia.ghtml

Grande explosão deixa mortos e feridos na capital do Líbano


Gazeta do Povo

04/08/2020 13:17

Atualizado em 04/08/2020 às 21:23

Uma grande explosão em Beirute, capital do Líbano, nesta terça-feira (4) deixou centenas de feridos e danificou prédios. Até o momento, há o registro de mais de 70 mortes e mais de 3 mil feridos, segundo informações oficiais. O número, porém, pode ser muito maior, vez que ainda não se sabe com exatidão quantas pessoas estão sob os escombros. Uma das vítimas é o secretário-geral do partido Falanges Libanesas, Nizar Najarian, que não resistiu aos ferimentos causados pela explosão, segundo nota de pesar emitida pelo próprio partido.

A imprensa local afirmou inicialmente que o que causou a explosão foi um grande incêndio em um armazém de fogos de artifício perto do porto de Beirute. A informação, porém, não foi confirmada.

Nas redes sociais, moradores relataram que janelas de edifícios e casas no entorno do local da explosão estilhaçaram. Também há vídeos do momento da explosão e da fumaça causada pelo incêndio.

reportagem retirada: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/grande-explosao-capital-libano/ 

Harry e Meghan deixarão de usar o título de 'alteza real'


Duque e duquesa de Sussex também disseram que não vão mais receber dinheiro público. Mudanças passam a valer no final de março.

Por G1

18/01/2020 15h40 

O Palácio de Buckingham anunciou neste sábado (18) que o príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle — duque e duquesa de Sussex — não vão mais utilizar o título de "alteza real". Além disso, deixarão de receber dinheiro público para os chamados "deveres reais".

No comunicado deste sábado, o Palácio de Buckingham afirmou que as mudanças valem a partir do fim de março deste ano.

Harry e Meghan deixarão de ser membros seniores da família real

Rainha diz que casal terá 'período de transição' entre Canadá e Reino Unido

A nota possui um trecho assinado pela rainha Elizabeth, de 93 anos. Ela afirma que "Harry, Meghan e Archie sempre serão membros muito amados da minha família". A monarca ainda agradeceu "por todo o trabalho dedicado em todo o país, na Commonwealth e além dela", e diz que está "particularmente orgulhosa de como Meghan se tornou tão rapidamente um membro da família."

O trecho assinado pelo Palácio de Buckingham reforça que "embora não possam mais representar formalmente a rainha, os Sussex deixaram claro que tudo o que fizerem continuará a defender os valores de Sua Majestade", e que "são gratos à Sua Majestade e à família real por seu apoio contínuo enquanto embarcam no próximo capítulo de suas vidas".


Reportagem retirada do: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/01/18/harry-e-meghan-deixarao-de-usar-o-titulo-de-alteza-real.ghtml 

Nuvem de gafanhotos da Argentina pode atravessar fronteira com Brasil




Gazeta do Povo e Estadão Conteúdo

23/06/2020

Autoridades do governo da Argentina informaram na noite da segunda-feira, 22, que uma nuvem de gafanhotos levantou voo na província de Corrientes e pode atravessar a fronteira com o Rio Grande do Sul. De acordo com a SENASA (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agro alimentícia da Argentina), os insetos seguiram na direção sul e devem chegar à província de Entre Ríos.

Segundo as autoridades
argentinas, a nuvem teve origem no Paraguai e vem atravessando o país desde a semana passada, apesar de já terem identificado um grupo de gafanhotos no final de maio. Nesse meio tempo, lavouras de milho foram totalmente destruídas pela praga.

Tanto a SENASA quanto as autoridades de cada província afetada estão realizando o monitoramento da nuvem e dos danos causados às lavouras. O órgão assegura, porém, que, apesar de ser uma grande ameaça às plantações, os gafanhotos não causam nenhum tipo de dano direto, como lesões ou doenças, ao ser humano.

Em comunicado, o governo da província de Córdoba informou que, em um quilômetro quadrado de nuvem, pode haver cerca de 40 milhões de insetos, com capacidade de consumir em um dia o equivalente ao que duas mil vacas poderiam comer no mesmo período.

Nas redes sociais, a SENASA pede aos usuários que avisem o órgão caso encontrem os gafanhotos para ajudar no monitoramento da movimentação do grupo.

Reportagem retirada do https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/nuvem-de-gafanhotos-da-argentina-pode-atravessar-fronteira-com-brasil-veja-video/

18 novembro, 2020

O PATINHO FEIO


 HANS CHRISTIAN ANDERSEN

    A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para fazer seu ninho: um cantinho bem protegido no meio da folhagem, perto do rio que contornava o velho castelo. Mais adiante se estendiam o bosque e um lindo jardim florido.

    Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos. Por fim, após a longa espera, os ovos se abriram um após o outro, e das cascas rompidas surgiram, engraçadinhos e miúdos, os patinhos amarelos que, imediatamente, saltaram do ninho.

    Porém um dos ovos ainda não se abrira; era um ovo grande, e a pata pensou que não o chocara o suficiente. Impaciente, deu umas bicadas no ovão e ele começou a se romper.

    No entanto, em vez de um patinho amarelinho, saiu uma ave cinzenta e desajeitada. Nem parecia um patinho.

    Para ter certeza de que o recém-nascido era um patinho, e não outra ave, a mãe-pata foi com ele até o rio e o obrigou a mergulhar junto com os outros.

    Quando viu que ele nadava com naturalidade e satisfação, suspirou aliviada. Era só um patinho muito, muito feio. Tranquilizada, levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que viviam nos jardins do castelo.

    Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um. O horroroso e desajeitado das penas cinzentas!

— É grande e sem graça! — falou o peru.

— Tem um ar abobalhado — comentaram as galinhas.

    O porquinho nada disse, mas grunhiu com ar de desaprovação.

    Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os bichos, inclusive os patinhos, perseguiam a criaturinha feia. A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia vergonha e não queria tê-lo em sua companhia.

    O pobre patinho crescia só, mal cuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o bicavam a todo o instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo.

    Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o perseguiam.

    Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns marrecos. Foi recebido com indiferença: ninguém ligou para ele. Mas não foi maltratado nem ridicularizado; para ele, que até agora só sofrera, isso já era o suficiente.

    Infelizmente, a fase tranquila não durou muito. Numa certa madrugada, a quietude do brejo foi interrompida por um tumulto e vários disparos: tinham chegado os caçadores!

    Muitos marrequinhos perderam a vida. Por um milagre, o patinho feio conseguiu se salvar, escondendo-se no meio da mata.

    Depois disso, o brejo já não oferecia segurança; por isso, assim que cessaram os disparos, o patinho fugiu de lá.

    Novamente caminhou, caminhou, procurando um lugar onde não sofresse. Ao entardecer, chegou a uma cabana.

    A porta estava entreaberta, e ele conseguiu entrar sem ser notado. Lá dentro, cansado e tremendo de frio, encolheu-se num cantinho e logo dormiu.

    Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar ratos, e de uma galinha, que todos os dias botavam o seu ovinho. Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho dormindo no canto, ficou toda contente.

— Talvez seja uma patinha. Se for, cedo ou tarde botará ovos, e eu poderei preparar cremes, pudins e tortas, pois terei mais ovos. Estou com muita sorte! Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a per-

    Der a paciência. A galinha e o gato, que desde o começo não viam com bons olhos o recém-chegado, foram ficando agressivos e briguentos.

    Mais uma vez, o coitadinho preferiu deixar a segurança da cabana e se aventurar pelo mundo. Caminhou, caminhou e achou um lugar tranquilo perto de uma lagoa, onde parou.

    Enquanto durou a boa estação, o verão, as coisas não foram muito mal. O patinho passava boa parte do tempo dentro da água e lá mesmo encontrava alimento suficiente.

    Mas chegou o outono. As folhas começaram a cair, bailando no ar e pousando no chão, formando um grande tapete amarelo. O céu se cobriu de nuvens ameaçadoras e o vento esfriava cada vez mais. Sozinho, triste e esfomeado, o patinho pensava preocupado, no inverno que se aproximava.

    Num final de tarde, viu surgir entre os arbustos um bando de grandes e lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço, delicado e sinuoso: eram cisnes, emigrando na direção de regiões quentes. Lançando estranhos sons, bateram as asas e levantaram voo, bem alto.

    O patinho ficou encantado, olhando a revoada, até que ela desaparecesse no horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito queridos.

    Com o coração apertado, lançou-se na lagoa e nadou durante longo tempo. Não conseguia tirar o pensamento daquelas maravilhosas criaturas, graciosas e elegantes. Foi se sentindo mais feio, mais sozinho e mais infeliz do que nunca.

    Naquele ano, o inverno chegou cedo e foi muito rigoroso. O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não congelasse em volta de seu corpo, criando uma armadilha mortal. Mas era uma luta contínua e sem esperança. Um dia, exausto, permaneceu imóvel por tempo suficiente para ficar com as patas presas no gelo.

— Agora morrerei — pensou. — Assim, terá fim todo meu sofrimento.

    Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido com a morte foi para as grandes aves brancas.

    Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que passava por aqueles lados viu o pobre patinho, já meio morto de frio. Quebrou o gelo com um pedaço de pau, libertou o pobrezinho e levou-o para sua casa.

    Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças. Logo que deu sinais de vida, os filhos do camponês se animaram:

— Vamos fazê-lo voar!

— Vamos escondê-lo em algum lugar!

    E seguravam o patinho, apertavam-no, esfregavam-no. Os meninos não tinham más intenções; mas o patinho, acostumado a ser maltratado, atormentado e ofendido, assustou-se e tentou fugir. Fuga atrapalhada!

    Caiu de cabeça num balde cheio de leite e, esperneando para sair, derrubou tudo. A mulher do camponês começou a gritar, e o pobre patinho se assustou ainda mais.

    Acabou se enfiando no balde da manteiga, engordurando-se até os olhos, e finalmente se enfiou num saco de farinha, levantando uma poeira sem fim.

    A cozinha parecia um campo de batalha. Fora de si, a mulher do camponês pegara a vassoura e procurava golpear o patinho. As crianças corriam atrás do coitadinho, divertindo-se muito.

    Meio cego pela farinha, molhado de leite e engordurado de manteiga, esbarrando aqui e ali, o pobrezinho por sorte conseguiu afinal encontrar a porta e fugir, escapando da curiosidade das crianças e da fúria da mulher.

    Ora esvoaçando, ora se arrastando na neve, ele se afastou da casa do camponês e somente parou quando lhe faltaram as forças.

    Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago, abrigando-se do gelo onde encontrava relva seca.

    Finalmente, a primavera derrotou o inverno. Lá no alto, voavam muitas aves. Um dia, observando-as, o patinho sentiu um inexplicável e incontrolável desejo de voar. Abriu as asas, que tinham ficado grandes e robustas, e pairou no ar.

    Voou. Voou. Voou longamente, até que avistou um imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três aves brancas.

    O patinho reconheceu as lindas aves que já vira antes e sentiu-se invadir por uma emoção estranha, como se fosse um grande amor por elas.

— Quero me aproximar dessas esplêndidas criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por todos.

    Com um leve toque das asas, abaixou-se até o pequeno lago e pousou tranquilamente na água.

— Podem matar-me, se quiserem — disse resignado, o infeliz.

    E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração entristecido deu um pulo. O que via não era a criatura desengonçada, cinzenta e sem graça de outrora. Enxergava as penas brancas, as grandes asas e um pescoço longo e sinuoso. Ele era um cisne! Um cisne, como as aves que tanto admirava.

— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação.

    Aquele que num tempo distante tinha sido um patinho feio, humilhado, desprezado e atormentado sentia-se agora tão feliz que se perguntava se não era um sonho! Mas não! Não estava sonhando. Nadava em companhia de outros, com o coração cheio de felicidade.

    Mais tarde, chegaram ao jardim três meninos, para dar comida aos cisnes. O menorzinho disse surpreso:

— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E correu para chamar os pais.

— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os pais.

    E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo. Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa.

    Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito antes de alcançar a sonhada felicidade.